domingo, 11 de outubro de 2009

Que futuro para Portugal?




A propósito destas eleições e das anteriores, Medina Carreira (ex ministro das finanças), escreveu um livro que todos os portugueses deviam ler sobre o futuro, presente e passado do nosso país. Os números:
  • No final de '10 Portugal vai completar a pior década a nível de crescimento económico desde o fim da Monarquia (média de 0,2%).
  • Para um PIB per capita que é o 19º dos 27 da UE, Portugal tem a 14ª carga fiscal e a 7ª despesa pública (!) em % do PIB.
  • Esta despesa pública, aumentou principalmente no capítulo de despesas correntes (vulgo despesas com a "máquina do Estado", transferências, subsídios e juros da dívida pública) sendo que as despesas de capital (que inclui o famigerado investimento público) decresceram e representam menos de 9% da despesa total. Não é por isso devido a "medidas de combate à crise" que a despesa cresce. A despesa cresce porque já chegou a um ponto em que se alimenta a si própria e está, à falta de melhor termo, incontrolável às mãos de uma política em que o numero de beneficiários de qualquer tipo de ajuda do Estado já chega a 6 milhões.
 Ora, ultrapassando a discussão da configuração do nosso Estado Social e se assim o deve ser, esta equação simplesmente não funciona. À falta de uma economia mais produtiva que consiga sustentar um Estado cada vez mais social, a resposta é o endividamento no estrangeiro (que já vai em 97% do PIB).

 O Bloco Central que nos governa há 35 anos (PS e PSD), há muito que se divorciou da realidade e a receita para o crescimento é sempre a mesma: investimento público (aumento das já mencionadas despesas de capital).  Uma via que poderia ser totalmente viável para iniciar crescimento mas que em Portugal degenera  numa espécie de keynesianismo barato que funciona tão bem como um toxicodependente que se injecta, para três ou quatro dias depois estar a ressacar e a precisar de nova dose. Com a agravante de que agora já nem sequer é com o nosso dinheiro mas sim com o dinheiro emprestado dos outros (os fundos estruturais da UE já só duram até 2012). E é investimento de qualidade ao menos? Sim é um comboio que vai a Madrid a 300km/h, a 74ª ponte sobre o Tejo, e mais centenas de kms de autoestrada paga. É este o investimento que vai ajudar a mudar o paradigma da economia nacional e prepará-la para competir no novo mundo globalizado como exportadora líquida e/ou forte receptora de investimentos estrangeiros? Não. Este é o investimento que vai encher o bolso dos "amigos" e continuar a endividar Portugal até um nível criminalmente irresponsável.

O que nos leva ao pior e ao mais grave de tudo: a Justiça. Onde andam os 30 milhões do negócios dos submarinos? Infelizmente é apenas a ponta do icebergue. Não há um nenhum condenado por corrupção em Portugal e o "saque" continua. E atinge proporções verdadeiramente pornográficas com o Estado Central, com os ajustes directos do PS para obras públicas e outros e conhecidos truques de uma classe política que funciona apenas em modo de sobrevivência própria de modo a tratar das suas vidas e dos amigos (veja-se o que aconteceu o Eng. Cravinho e às suas medidas anti corrupção). Das Autarquias e Regiões Autónomas, onde acontece o saque na sua verdadeira dimensão, acho que nem vale a pena falar.

 Resulta então que o Governo(s) de Portugal, a insistir neste caminho, está a atirar a 2ª República contra a parede. É preciso uma agenda séria que seja capaz de responder ao supremo dos desafios: a Economia Portuguesa e como criar condições para o crescimento económico tangível e sustentável no quadro da globalização, assumindo o Estado o papel de facilitador na actividade económica e não de responsável por ela.
 Outra coisa é clara, não é com estes "fatos vazios" que agora temos que vamos a lado algum. Pessoas que nada fizeram na vida senão política colocaram Portugal no buraco da pobreza e não há nenhuma razão para acreditar que os "porreiro pah" nós tirem de lá. Ou então sempre há outra opção: entregamos as chaves do reino ao Louçã e ele que nacionalize a economia quase toda como quer e transformamos Portugal na Venezuela da Europa. Não temos é petróleo o que é um pouco chato...
 Enfim... Mas não partilho totalmente do fatalismo e negativismo de Medina Carreira. Acredito que a minha geração está capacitada a responder ao desafio da produtividade. Quem nos vê a trabalhar lá fora e cá dentro sabe que falamos línguas e somos mais versáteis que muitos dos nossos colegas europeus por isso não estamos condenados à pobreza por defeito. Precisamos é de uma visão! Já estou como o António Barreto: "Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil!"

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